sexta-feira, 29 de junho de 2012

Roma: outros dias, outras impressões

Viela em Roma. Foto: Jany Canela
O Coliseu é incomparável. Dizer que é um lugar magnífico é insuficiente para explicar minha emoção ao chegar ali.

Metrô até às 23h30.
Mas há os ônibus chamados noturnos, que circulam ao longo da madrugada de meia em meia hora. Lotadíssimos, ao modo como estamos acostumados no Brasil.

O excesso de lotação no Terminal 3 do Aeroporto de Roma também me fez pensar o quanto às vezes somos injustos ao julgar filas, tempos de espera e nossa desorganização tupiniquim.
Não se surpreendam: o embarque na plataforma com destino à Praga é feito em fila única juntamente com todos os outros países, exceto para Estados Unidos e Israel.

Trânsito enigmático.
Ultrapassagens de farol vermelho, inclusive em faixas de pedestres, assim como cruzamentos e conversões proibidas em grandes avenidas parecem usuais. Ninguém estranha ou reclama.
Só observei que o motorista da van que nos levava ao aeroporto estava sem cinto de segurança quando ele rapidamente fechou o cinto ao nos depararmos com uma blitz da polizia.

Músicas dos anos 80 tocam muito. Ouvi em carros, lojas e bares. Tracy Chapman parece ser uma favorita das rádios italianas nesse momento.

Bares e pubs, com TVs e clientes ligadíssimos, acolhem os torcedores atentos a cada jogada da disputa entre Portugal e Espanha por uma vaga nas semi-finais da Eurocopa.

Frase pixada em um muro: "Rebelar est giusto".

O que me deu a impressão de que amantes do futebol e a juventude têm muito em comum com o que somos no Brasil.

Mas perguntada sobre o que mais gostei em Roma, além do sotaque italiano, não tive dúvidas: as vielas maravilhosas!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Roma: primeiro dia, primeiras impressões

Viela em Roma. Foto: Jany Canela.
Varandas com floreiras.
Vielas maravilhosas.
Lambretas, muitas lambretas charmosas e, acreditem, mesmo as do estilo do seriado "Chips" são charmosas.
Carros de modelos muito diferentes dos que temos no Brasil.
Desses, o que mais me chamou a atenção foi o grande número de carros individuais.
Não existem estacionamentos privados. Todas as ruas formam grandes estacionamentos a céu aberto para carros e lambretas.
Um homem de pele escura oferece serviços no farol. Conheço bem aquele rodinho para limpar pára-brisas.
Outros homens e mulheres de pele escura vendem bugigangas e flores e alguns mendigam em ruas e praças.
Pernas de fora.
Ensalate de broccolleti não é salada de brócolis, mas um delicioso espinafre refogado.
A água da torneira do banheiro é potável e costuma-se bebê-la no hotel.
Shorts curtíssimos.
Praça da República em obras, com tratores e aqueles horríveis "delimitadores" de cor laranja tão comuns em São Paulo.
Uma mulher circulando com o cachorro dentro do aeroporto.
Outra de bicicleta, segurando a bolsa e falando ao celular.
Um homem ao volante do carro ouvindo música nos fones de ouvido.
O entendimento do que significa acostumar-se com o fuso horário.
Mais varandas, vielas, floreiras, lambretas e bicicletas.
E sotaque italiano.
Um lindo e marcante sotaque italiano.
Definitivamente, eu adoro sotaques.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Não me acostumo

Ernesto Che Guevara (1928-1967)
Com a incorporação de tudo pelo capital, inclusive e talvez, especialmente, de tudo o que é inicialmente contra o capital.

Com a máxima expressa cotidianamente de que temos que estar sempre ocupados, sempre "correndo".

Com a idéia de que ter um carrão signifique que você é uma pessoa que você não é.

Com o fato de que pessoas que se amam estejam separadas.

Que os filhos usem fones de ouvido todo o tempo, inclusive quando nós, mães e pais, queremos conversar com eles.

Que as crianças não possam viver como crianças tão antes do tempo.

Que a sociedade ainda seja tão racista, homofóbica e machista em pleno século XXI.

Que movimento social ainda seja sinônimo de criminalidade para muitos.

Que a sensibilidade seja considerada um atributo feminino.

Que estereótipos sejam tão difíceis de ser desconstruídos.

Não me acostumo com a arte ainda sendo considerada menos importante que o dinheiro.

Que ter ainda seja mais importante do que ser.

Com um conceito de felicidade que parece não ter nada a ver com ser feliz de fato.

Com pessoas que não cuidam do próprio lixo.

Com o comodismo de que a mudança começa pelo outro.

Que a liberdade não seja um artigo de primeira necessidade.

Não me acostumo com um mundo em que o pensamento de pessoas como Che ainda sejam revolucionários.

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*Minha singela homenagem a Che Guevara, que completaria 84 anos ontem, 14 de junho.