Mil e uma histórias

Imagem extraída de blogs.sesc-sc.com.br
Como alguém que gosta muito de conversar, estou sempre às voltas com excelentes papos com amigos e com toda sorte de pessoas - que convivo no trabalho, na universidade ou que encontro por aí - com quem acabam rolando boas histórias, dignas de nota e de registro.

Além disso, despendendo um  pouco de tempo para observar mais acuradamente o que acontece ao redor, sempre é possível topar com histórias interessantes e curiosas.

Evidentemente, nem sempre são histórias meigas, mas se você já conhece o metier do blog, sabe que as coisas por aqui estão longe de se pretenderem envoltas em doçura.

Assim, contarei aqui algumas dessas histórias, que gosto, que rio, que me fazem refletir sobre inúmeras questões - e que nem sempre dou conta de elaborar em textos para o blog. 

Ainda estou experimentando esse formato, talvez vocês me ajudem a pensar sobre como melhorá-lo com o tempo, mas por ora, espero que gostem e que possamos partilhar ainda mais reflexões nesse espaço.

Muitos abraços, Jany

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'Pequenos machismos'

Embora talvez possa parecer ao querido leitor que minha idéia de "Mil e uma histórias" estivesse abandonada, já há muito queria voltar a publicar nessa página.

Como estamos em tempos em que têm aflorado discussões e polêmicas a partir de fatos carregados da tônica machista e de gênero, às vezes sinto ressurgir um pouco ao meu redor aquela crítica velada às chamadas feministas de plantão, não raro consideradas exageradas e chatas por aqueles que acham que as mulheres não tem tanta razão assim para se mostrarem tão indignadas com essas coisas.

Pensando nisso, decidi relatar aqui algumas histórias para que o perspicaz leitor tire suas próprias conclusões.

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Imagem: revistawomenshealth.abril.com.br
Conhecimento básico sobre o mundo feminino

Após a publicação do que chamei de "Pequenos machismos" minha querida amiga Cris Bertazoni fez aí nos comentários o relato de uma história que, em seu entendimento, "não é exatamente machista, mas que demonstra o desconhecimento masculino sobre o mundo feminino".

Fiquei matutando sobre isso e decidi, ao invés de apenas comentar seu comentário Bris, escrever mais uma história partindo desse ponto.

Explico melhor: concordo que talvez em parte a confusão feita pelo balconista da história da Bris seja desconhecimento do mundo feminino, mas olhando com mais cuidado as semelhanças entre a história do balconista londrino com a história do balconista de uma farmácia do interior de São Paulo, fiquei pensando se realmente seria apenas carência de conhecimento básico desse universo.

De qualquer forma, reitero o que disse na introdução aos "Pequenos machismos", relatarei a história para que 'o perspicaz leitor tire suas próprias conclusões'.

Pois bem, pode-se dizer que eu era ainda uma moçoila quando entrei jubilosa em uma farmácia para comprar preservativos. Já encantada com a construção de ares libertários que queria para o meu constituir-me mulher o motivo do meu júbilo era precisamente o fato de me sentir corajosa por tal ato, que sabia não ser comum entre as moças interioranas daquele início dos anos 90.

Na época, talvez porque as chamadas camisinhas fossem tidas muito mais como uma afronta aos valores cristãos do que como o cuidar-se fazendo sexo seguro, você não encontrava, pelo menos não nas respeitosas farmárcias dessa cidade do interior de São Paulo, o precioso objeto 'dando sopa' em fileirinhas 'só chegar e pegar' como acontece atualmente em qualquer supermercado, farmácia ou estabelecimento comercial que tenha o produto para venda.

Dessa forma, talvez para tentar inibir os consumidores menos desavergonhados, era necessário pedir ao balconista.

Foi assim que senti meu júbilo desvanecer quando o balconista me trouxe um pacote de absorventes em resposta a meu pedido. Mesmo ainda estreante na compreensão do que vim a chamar depois de pequenos machismos cotidianos, não tive dúvida de que eu tinha sido explícita sobre o que queria, mas talvez fosse difícil para aquele homem associar tamanho descaramento a uma inocente moçoila.

Assim, recuperei rapidamente meu sorriso jubiloso ao dizer "Não, moço, eu pedi pre-ser-va-ti-vos" em som alto e bom o suficiente para notar vários olhares escandalizados virando-se para mim.


12 de julho de 2011.

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O médico

Sala de emergência do Hospital Universitário. Eu grávida de Pedro. Devido à segunda crise renal da gestação aguardava o parecer médico pós cuidados recebidos e necessários a qualquer mulher nessa situação.

Entra um médico jovem e, antes mesmo de me examinar, observando minha enorme (e linda!) barriga e, aparentemente, tentando ser agradável, pergunta:

- E aí? É uma garotinha ou um garotão?

E eu, que mesmo grávida e com dores não pude deixar de me indignar com as conotações implícitas a tal frase, respondi sorrindo meio cinicamente:

- E por que não 'um garotinho ou uma garotona'?

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'Machistinhas' e 'machistonas'

Estou aprendendo a nadar. Antes do início do curso para adultos, enquanto aquecemos nosso corpo um tanto endurecido, adolescentes entre 13 e 16 anos ocupam ruidosamente a piscina.

Pois bem, certa feita havia 3 garotos engraçadinhos que insistiam em permanecer na água após o término da aula. Como uma das monitoras insistisse para que saíssem, um deles, provavelmente considerado o líder, ao se encaminhar para a escada comentou "eu vou, porque os meninos vão primeiro e as meninas vão depois". E para que não restassem dúvidas do significado que ele intentava dar à frase, disse ao amigo que ainda estava na piscina: "quem fica por último é menininha".

Mesmo sem muita intimidade com meus colegas de turma, não pude deixar de comentar minha indignação sobre como nossa sociedade consegue formar garotos tão jovens e já tão machistinhas.

As moças e mulheres presentes concordaram, mas em seguida deram mostras de onde vem estereótipos como os que os meninos usaram: por conta da combinação para um almoço entre os monitores, uma das moças afirmou incisivamente que o rapaz é quem deveria pagar a conta delas.

Diante do que tínhamos acabado de concordar em relação à fala dos adolescentes eu questionei a afirmação e ela, muito ciosa do que representa ser uma mulher feminista, reiterou que o monitor tinha esse dever.

Talvez porque eu tenha desistido de uma réplica que atrasaria nossa ida pro chuveiro, uma jovem senhora, minha parceira de raia, decidiu finalizar o debate e comentou, segura dos valores que definem homens e mulheres na sua visão de sociedade, "independente de a mulher ser feminista ou machista quem tem que pagar a conta é o homem, porque depois ele vai aproveitar".

E eu que tinha ficado chocada com os garotos machistinhas.

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Especialistas em educação

Foi num dia em que eu estava tentando resolver alguma dessas burocracias de trabalho.

O docente entrou na sala com duas embalagens coloridas e disse ao filho da funcionária, um garoto de 8 ou 9 anos, que tinha chocolates para ele e para sua irmãzinha.

O menino evidentemente ficou feliz e até eu, que não tinha nada que ver com a história, fiquei interessada naqueles pacotinhos sofisticados.

Por conta disso e pela proximidade mesmo, não pude deixar de observar a cena. Ele entregou os presentes e perguntou ao menino "qual dos dois você vai dar para a Amanda*?"

E quando o garoto mostrou sua escolha, o especialista em educação não se furtou ao comentário instrutivo que indicava algo como "ah, bom!, porque esse outro é melhor mesmo para as meninas" ou "ainda bem que você sabe que o outro é melhor pra sua irmãzinha".

Só então observei mais atentamente que uma das embalagens tinha tons de azul e cinza e na outra prevaleciam o vermelho e o rosa.

*Nome fictício
 16 de junho de 2011.

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Ingenuidade ontem e hoje


Imagem: tassioventorin.blogspot.com
Quem tem filhos de uma certa faixa etária ou convive com estudantes no ensino básico sabe que não são poucas as vezes que eles vêm com essas piadas e pegadinhas de gosto discutível. Quem nunca tiver ouvido uma daquelas para adivinhar o nome do filme não tem idéia de como é um sujeito de sorte.

Entre eles também rolam pegadinhas e algumas, evidentemente, trazem o lado sexual ou do palavrão ou, de preferência, ambos.

Pois bem, estávamos todos hoje conversando à hora da janta e, entre uma pegadinha e outra, não sei por que cargas d’água, lembramos dos Teletubbies.

Yasmine fez a brincadeira que vou contar e depois lembrou-se que quando estava na 3a série um coleguinha tinha tentado “pegá-la” com essa brincadeira, sem sucesso. “Fiquei olhando pra ele sem entender, então virei as costas e saí”, ela nos contou, entre ares orgulhosos por parecer que não ter entendido a brincadeira naquele momento era bem melhor do que ter sido pega.

Para quem não sabe a brincadeira, você diz para um outro: “tudo o que eu falar, você fala ‘RÁ’” e diz cada nome de um Teletubbie, dando o tempo para ouvir o ‘RÁ’: Tink Wink (RÁ), Dipsy (RÁ), Laa-Laa (RÁ), Po(RÁ).

Acho que dispensam comentários sobre o objetivo da brincadeira, mas o fato é que pensando na ingenuidade da minha filha aos 09 anos, lembrei que quando eu estava na 4a série, certa vez, um daqueles meninos com cara de “sabe tudo”, daqueles que todo mundo na sala de aula respeita, chegou pra mim e disse: “Fala todas as sílabas do T”. Eu, que me achava na responsabilidade de obedecer ao respeitável garoto, não vacilei: “TA, TE, TI, TO, TU”

Então ele, que evidentemente não estava com intenções de fazer referências ao alfabeto: “Agora de trás pra frente”. E, eu, que também só percebi minha ingenuidade talvez muitos anos depois: “TU-TO-TI- TE-TA”.


08 de fevereiro de 2011.


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Buenos Aires y alguñas historias de cuatro brasileñas


Jany e seus foras

Caminito, bairro La BocaFoto: Mi, que nao gosta de ser chamada de Michelle.


Estamos eu e três amigas em Buenos Aires, cidade incontestavelmente ma-ra-vi-lho-sa.

Ainda contarei mais detalhadamente minhas impressões, mas enquanto descanso mis piés de tanto bater canela o dia inteiro aproveito para contar algumas histórias engraçadas que já aconteceram e que acho merecem registro neste espaço.

Hoje de manhã fomos perguntar a um dos atendentes da recepção do hotel sobre como fazer para chegar ao Tigre, um dos pontos turísticos de Buenos Aires. Ele gentilmente explicou que tínhamos que pegar o metrô até o Retiro e depois pegar um trem.

E eu, que tive um daqueles lapsos em que se juntam na cabeça um pedaço de uma palavra (ônibus) com outro pedaço de outra (metrô) formando uma terceira que não tem nada que ver con las otras preguntei: "vamos hasta Retiro e lá pegamos un hombre?"

Freud explica, porque nunca vi antes tantos hombres hermosos como hay visto hasta aqui.


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Brasileiras torcedoras, argentinos e futebol

Estávamos em um restaurante super bacana chamado El Ñandu, próximo à estação de trem Barrancas. O restaurante tem uma prática lúdica curiosa: as mesas são cobertas com papel e você encontra um recipientezinho com giz de cera para desenhar enquanto aguarda seu pedido.

Pois bem, ficamos ali a desenhar e pintar, as meninas a dissertar sobre a idéia de que nossos desenhos de adultas eram infantis porque paramos de desenhar ainda na infância e coisas do tipo. Em meio a desenhos os mais variados, poemas, frases de músicas e compositores representativos de nossa brasilidade, tais como Folhetim ou Garota de Ipanema, uma delas decidiu desenhar o emblema do São Paulo Futebol Clube. Descobrimos que cada uma de nós torcemos para os principais times paulistanos: São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos.

Não lembro bem como surgiu a clássica richinha São Paulo-Corinthians, só lembro que eu disse a minha amiga sãopaulina que achava que o Corinthians deveria ser mais conhecido na Argentina que o São Paulo. Bom, ela tirou sarro de mim, argumentando que o Corinthians não tinha nenhum título da Libertadores e que o São Paulo tinha vários e tal.

Eu não sou conhecedora de futebol nem acompanho campeonatos como torcedores decentes, apenas acreditava que o timão seria mais conhecido que o São Paulo porque acho que sua força no futebol tem muito a ver com a representatividade de uma das maiores torcidas e a forma como essa paixão poderia ultrapassar as divisas brasileiras.

Resolvemos tirar a prova e ela chamou à mesa um garçom que estava passando naquele momento: "Posso te fazer uma pergunta pessoal?" Difícil saber o que o moço bonito pensou quando ouviu essa pergunta mas foi muito solícito em dizer algo como "claro, no hay problema". Bom, a seguir ela perguntou a ele se conhecia times de futebol do Brasil. "Si, muchos".

"Como quais?", ela pergunta e o primeiro time a ser citado por ele, para meu orgulho de torcedora não muito decente mas nem por isso menos devotada: "Corinthians".


23 de enero de 2011.

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Conto de Natal

Talvez devido ao espírito desses dias, lembrei-me dessa história, contada por uma respeitável senhora que fez a graduação comigo.

Ela tinha duas filhas já moças e por essa época foram a um desses shoppings formosos e bem quistos pelas elites paulistanas.

Como todo shopping conceituado que se preze, evidentemente, havia uma árvore de natal com todo aquele aparato próprio ao clima natalino: casinhas, trenzinhos e renas vermelhas, muita, muita neve e, claro, um Papai Noel recebendo os pedidos de crianças felizes e tirando fotos com os ingênuos pimpolhos.

De repente, ela viu duas crianças andando por ali, bastante sujinhas e maltrapilhas. Imagino que haviam passado despercebidas pelos seguranças do shopping, normalmente treinados para não deixar ninguém fora do perfil de gueto social aceito nesses espaços adentrarem o local.

Ela ficou observando os dois pequenos e o menorzinho, que tinha por volta de 4 anos, ao ver o Papai Noel ficou com os olhinhos brilhando e já foi se encaminhando para encontrar o bom velhinho e também fazer seu pedido. Mas seu irmãozinho mais velho, que parecia ter entre 7 e 9 anos, já não tinha mais a ingenuidade do irmão pequeno e, rapidamente, segurou-o falando alguma coisa, que temo não conseguir imaginar o quê.

Foi tudo muito rápido, e rápidos também foram os seguranças que chegaram e tiraram as crianças dali, voltando o shopping e seus freqüentadores a viver seu sonho de natal sem intromissões de elementos do mundo real.

Realmente, o natal não é pra todo mundo.

24 de dezembro de 2010.

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Professora com unhas vermelhas

Certa feita, quando eu estava professora em uma escola, ouvi essa história a propósito de uma discussão, se não me falha a memória, sobre valores e visão de mundo no cenário da educação.

Um docente da FE-USP contou que na década de 80 havia indicado uma amiga para concorrer a uma vaga em uma escola particular de renome. Tempos depois, conversando com o coordenador, perguntou como a professora havia se saído na entrevista.

"É uma professora interessante, mas não dá para contratar uma mulher que pinta as unhas de vermelho, né?", comentou o coordenador, imagino eu, com ar de quem tem certeza de que fez a coisa certa.

21 de dezembro de 2010

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Mais unhas vermelhas e (mais) repressão ao feminino

Vejam que coisa, nem bem registrei essa história da professora com unhas vermelhas e já, por causa dela, uma querida amiga me contou algo similar sobre sua mãe, senhora jovial que, além de mulher incrível, cozinha o melhor escondidinho de carne que comi na minha vida.

Pois certa vez, lá pelos seus treze anos (ela tem cinquenta e poucos atualmente), Dona Esther* foi à casa de uma tia juntamente com sua irmã de 11 anos e a tia, mulher provavelmente desprendida dos padrões sociais da época, pintou as unhas delas de vermelho.

Chegando em casa, além de enfrentarem a bronca do pai - acho mesmo que apanharam - minha amiga contou que seu avô contrariado obrigou as duas a tirarem imediatamente o esmalte.

As mocinhas correram à vizinha, que também não tinha acetona. Desesperadas com a situação, utilizaram gilette para raspar as unhas, evidentemente, machucando e cortando os dedos.

Até hoje Dona Esther* e a irmã têm marcas nas unhas por causa dessa cor vergonhosa ao padrão de boa moça daquela época.


*Nome fictício.
22 de dezembro de 2010.

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Mãe, filho e Monteiro Lobato

Considero bastante comum que nós, mães e pais, queiramos às vezes realizar através de nossos filhos algum desejo frustado de nossa infância. Para mim, no entanto, mais prazeroso do que ver minha prole contente com algo que sugeri é vê-los me questionarem a respeito disso.

Recentemente, escrevi aqui no blog sobre a polêmica em torno da obra de Monteiro Lobato devido a um parecer do Conselho Nacional de Educação. E essa história, contada por um amigo, tem a ver com as duas coisas.

Mãe bibliotecária, encantada com os livros de Lobato, que sempre leu mas nunca pode ter, encontrou a coleção dos seus sonhos: exemplares bonitos, revisados, encadernados com capa dura.

Não teve dúvida, adquiriu a raridade para presentear seu filho, desejosa de que ele também fosse picado pelo encanto das histórias tanto quanto ela fora e, aparentemente, ainda o é.

Mas seu filho fez as vezes de adolescente questionador e quando ela lhe mostrou a coleção, ele argumentou com ares de estudante consciente "não vou ler esses livros racistas!"


22 de dezembro de 2010
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3 comentários:

Khipukamayoq disse...

Oi Jany - tinha postado aqui, mas acho que apertei algo errado e sumiu. Então, apesar da senhorita não gostar mais de mim, não responder meus e-mails e não me desejar boa viagem... adorei seu último post com essas histórias. Coloque mais. Beijos,
Bris

Jany Canela disse...

Bris! Que honra ter você por aqui, e ainda mais comentando meu texto =D

Sim sim, muitas outras histórias virão, pode ter certeza.

Quanto a suas cobranças de amiga, demonstrarei como são infundadas começando com um email ;)

beijAs

Cristiana Bertazoni Martins disse...

Nossa, adorei os 'pequenos machismos'. Iniciativa muito legal. Pensei que poderíamos criar um espaço com historias como essas.

Aquela da senhora na piscina foi de doer!

Ai vai uma que não é exatamente machista, mas que demonstra o desconhecimento masculino sobre o mundo feminino:

Numa farmácia qualquer em Londres me dirijo ao balconista:

A. Por favor, você teria algum remédio para cólicas menstruais?

B. Sim claro, aguarde um minuto que vou buscar.

5 minutos depois o moço volta com um remédio para candidiasis!

:-S

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