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Oroborus. Imagem extraída de lunarosa.multiply.com |
Bom, quem me conhece sabe que não sou muito dada a romantismos e pieguices, mas acho que nem minha acidez costumeira sai ilesa da influência desse clima de final de ano, bastante propício ao sentimento de reflexão e da sensação da possibilidade de recomeço.
Estava ainda querendo escrever algo para finalizar o conjunto de textos deste ano no blog pois, também quem me conhece, sabe o quanto de carinho tenho por este espaço de expressão e de partilha do que penso.
Conversando com um amigo mui querido sobre isso, ele, que é conhecedor de música e de cultura como poucos, me falou que achava bom o fato de o ano terminar sem ter cumprido todas as metas propostas no início, porque um ano novo que começa oferece essa possibilidade; aí ele falou sobre a oroborus, serpente que engole a própria cauda e é símbolo do ciclo de eterna renovação da vida. Na mesma hora pensei na fênix, pássaro mítico conhecido por seu renascimento das cinzas.
Assim, fiquei pensando no quanto nos é vital essa renovação, de iniciarmos novos ciclos finalizando e fechando outros. O Universo demonstra isso sabiamente todos os dias e noites. Ao mesmo tempo, é interessante observar como há um imaginário coletivo e talvez até arquetípico em que mitologia, religião, espiritualidade e culturas múltiplas se intermisturam e se alimentam de uma maneira fascinante.
Vejam que a oroborus pode ser encontrada em culturas diversas e distantes no tempo e espaço, mas sempre conservando um significado singular de representação do infinito, da imortalidade, da eternidade e do renascimento. Da mesma forma, o renascer é simbolizado pela fênix que, por conta desse conceito de negação da morte, teria sido adotada no início da tradição cristã como representação da ressurreição e da imortalidade. Encontrei, inclusive, várias referências que indicam similaridades entre o mito da fênix e a história do nascimento, morte e ressurreição do Cristo.
Com isso, quero voltar à idéia do quanto nos é vital o ciclo de renovação, a possibilidade de recomeçar, e o quanto isso nos constitui enquanto seres desejosos de podermos reconstruir, refazer, fazer diferente, recompor, enfim, o quanto nos é necessário sonhar, acreditar.
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Fênix chinesa. Imagem extraída de sites.google.com |
Assim, desejo saúde a todos nós, não para dar e vender, mas para que se possa viver bem, porque como dizem os antigos, o importante é ter saúde, porque "no resto a gente dá um jeito".
Aos que vivem no mundo adulto, desejo que possamos nos preocupar mais em como usufruir do nosso tempo ocioso do que com a falta de tempo para fazer coisas que gostaríamos.
A quem tem amigos, desejo que sejam felizes como eu sou, porque tenho amigos que amo e que retribuem meu amor. Desejo, assim, que possamos ter muitos e muitos momentos partilhados com amigos queridos, porque existem poucas coisas tão prazerosas quanto viver perto de amigos verdadeiros.
Por fim, desejo aos pais e mães como eu que possamos ter mais e mais momentos com nossos filhotes, muito mais do que eles têm para ficar no computador e/ou na televisão. Desejo, além disso, que saibamos cada vez mais equilibrar muito amor com os limites necessários para que eles cresçam sentindo-se seguros e independentes. Desejo, sobretudo, que tenhamos sabedoria para saber que, mais importante do que roupas e sapatos da moda, brinquedos e tralhas eletrônicas de última geração e afins, o que realmente faz uma criança feliz é carinho e atenção e ser feliz ainda é o que realmente importa na vida.
Feliz 2011!
Jany
Sites consultados:
http://somostodosum.ig.com.br
http://www.coacyaba.com.br
http://lunarosa.multiply.com