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Imagem: www.advivo.com.br |
Como estive entre os usuários atingidos por esse bug, fiquei alguns dias sem meu email e Blog, o que me levou a essa reflexão sobre identidade [virtual], que tento esmiuçar um pouco nessa segunda parte do post.
Bem, nos idos de 1998, quando comecei a usar a internet e conhecer pessoas nas já meio esquecidas salas de bate-papo, lembro que havia sempre aquele fantasma do "será que a pessoa do outro lado é quem diz ser?" - fantasma ainda não totalmente extirpado, é verdade, mas mais decepcionante na atualidade para ingênuas mocinhas casadoiras ou perigoso para crianças e adolescentes que usam computadores sem nenhuma supervisão ou orientação dos pais.
Contudo, excetuando casos exagerados ou patológicos como esses - em que o objetivo é enganar ou fazer mal a alguém, penso que é necessário considerar ilusória essa idéia de “quem uma pessoa realmente é”, afinal, publicamente, todos usamos nossa máscara social sob a qual se esconde nossa verdadeira identidade - seja no mundo real ou no virtual.
Ora, não é novidade para ninguém que um about me, assim como frases de efeito ou o que se fez no fim de semana é muito pouco para o real significado de nossa identidade. Assim como no trabalho podemos adotar um padrão de comportamento, de vestimenta ou de vocabulário distante do que gostaríamos mas conveniente para o exigido socialmente pela empresa ou pela nossa função. Ou seja, não se trata de mentir sobre nossa identidade, mas sobre o quanto realmente queremos [ou o quanto é possível permitir] que os outros saibam sobre nós.
De qualquer forma, salvaguardados os parâmetros expostos acima, considero que para aqueles que usam a net de forma séria, buscando divulgar seu trabalho e suas idéias, manter o contato diário com amigos e mesmo conhecer novas pessoas, a identidade virtual tornou-se tão importante quanto a identidade adotada pelas pessoas em outros espaços de suas vidas.
Foi assim que me vi absolutamente perdida quando descobri que não tinha mais acesso ao Gmail - meu email principal - e depois com uma sensação enorme de desconforto porque grande parte da minha identidade virtual está vinculada a essa conta: para acessar o Fórum Blogger, por exemplo, nesse período tive que usar a conta Gmail de um amigo e, embora eu tenha explicado isso no Fórum, foi muito estranho porque é como se não fosse eu escrevendo ali. O desconforto foi tanto que quando recuperei minha conta e fui postar lá novamente comecei com um “antes de tudo, quero dizer que é muito bom poder voltar a este Fórum como eu mesma (ainda que virtualmente)”.
Depois do susto, fiquei refletindo sobre essa sensação de lacuna porque, para além dos arquivos, discussões e contatos, de fato, era quase como se uma parte de mim tivesse se perdido em meio à confusão gerada na perda dessa nova identidade. Mas de onde vem tamanha força que constitui a formação dessa identidade virtual? É bem possível que não seja da suposta perda concreta de dados, afinal, exceto se um email é criado exclusivamente para arquivo, todos guardamos ali muito mais do que realmente vamos utilizar, e os contatos, bem, os contatos verdadeiramente importantes seguramente poderiam ser recuperados porque são de amigos e de pessoas próximas. Então, qual seria a verdadeira razão de me sentir tão perdida sem minha famigerada identidade virtual?
Imagem: http://coreacoes.blogspot.com |
Fico pensando se chegará o dia em que não bastará mais ao humano simplesmente ser, mas também será imprescindível ser virtualmente.