sexta-feira, 15 de junho de 2012

Não me acostumo

Ernesto Che Guevara (1928-1967)
Com a incorporação de tudo pelo capital, inclusive e talvez, especialmente, de tudo o que é inicialmente contra o capital.

Com a máxima expressa cotidianamente de que temos que estar sempre ocupados, sempre "correndo".

Com a idéia de que ter um carrão signifique que você é uma pessoa que você não é.

Com o fato de que pessoas que se amam estejam separadas.

Que os filhos usem fones de ouvido todo o tempo, inclusive quando nós, mães e pais, queremos conversar com eles.

Que as crianças não possam viver como crianças tão antes do tempo.

Que a sociedade ainda seja tão racista, homofóbica e machista em pleno século XXI.

Que movimento social ainda seja sinônimo de criminalidade para muitos.

Que a sensibilidade seja considerada um atributo feminino.

Que estereótipos sejam tão difíceis de ser desconstruídos.

Não me acostumo com a arte ainda sendo considerada menos importante que o dinheiro.

Que ter ainda seja mais importante do que ser.

Com um conceito de felicidade que parece não ter nada a ver com ser feliz de fato.

Com pessoas que não cuidam do próprio lixo.

Com o comodismo de que a mudança começa pelo outro.

Que a liberdade não seja um artigo de primeira necessidade.

Não me acostumo com um mundo em que o pensamento de pessoas como Che ainda sejam revolucionários.

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*Minha singela homenagem a Che Guevara, que completaria 84 anos ontem, 14 de junho.